Logo

Números do AVC no Brasil e no Mundo

Home » Sobre a SBAVC » Números do AVC no Brasil e no Mundo




No ano de 2020, dados do SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde – DATASUS, mostraram 99.010 mortes por AVC no Brasil (incluindo dados de infarto cerebral, o AVC isquêmico, AVC hemorrágico, hemorragia subaracnoidea e AVC não-especificado como isquêmico ou hemorrágico; CIDs G45-G46 e I60-I69).

Como comparação, no mesmo período, o infarto agudo do miocárdio / doença coronariana (CIDs I20-I25) tiveram 109.556 óbitos registrados.

De acordo com outro registro, o portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela ARPEN Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), o número de óbitos por AVC no Brasil foi de 101.965, em 2019 e 102.812 em 2020, números parecidos com os dados oficiais do SUS, que podem variar um pouco de acordo com a metodologia aplicada nos critérios de busca (CIDs considerados na pesquisa). O AVC, de acordo com este mesmo banco de dados, já matou no ano de 2022, de 1º de janeiro até 13 de outubro, 87.518 brasileiros. O número equivale à média de 12 óbitos por hora, ou 307 vítimas fatais por dia, tornando o AVC novamente a principal causa de morte no país. No mesmo período, o infarto, por exemplo, vitimou 81.987 pessoas, e a Covid-19, 59.165 cidadãos.

Portanto, o AVC, que até meados da década de 2010-2015 era a primeira causa de morte no nosso país, passou para o segundo lugar, de forma similar ao que vemos no resto do mundo e em países mais desenvolvidos, e novamente em 2022, embora com dados menos oficiais (SIM x Registro Civil), retoma a posição de primeiro lugar em mortalidade no nosso país.


AVC no Mundo

Em 2019, de acordo com o grupo Global Burden of Diseases (GBD) Study, que compila dados mundiais e foram recentemente publicados por Feigin e colaboradores, do GBD Study, foram contabilizados 12.2 milhões de casos incidentes de AVC, com 6.55 milhões de mortes.

Globalmente, o AVC é a segunda causa de morte (cerca de 11% das mortes totais). No Brasil, essa relação (IAM/AVC) era inversa, com a doença passando para segundo lugar apenas nos últimos anos, a partir de 2016 (dados do DATASUS).

Houve uma redução de incidência, prevalência e mortalidade global do AVC, mas um aumento das taxas de prevalência da doença em menores de 70 anos (~22%); a taxa de mortalidade do AVC em países pobres é 3.6 vezes maior do que dos países ricos.

Dados novos do GBD Study 2019, sobre a distribuição dos tipos de AVC :

— AVC isquêmico 62.4%

— Hemorragia intracerebral 27.9%

— Hemorragia subaracnoidea 9.7%

De acordo com o mesmo estudo, os cinco principais fatores de risco relacionados a perdas de dias:

— Hipertensão arterial (79 milhões de DALYs ou 55% do total de DALYs)

— IMC elevado (34.8 milhões de DALYs ou 24.3% do total de DALYs)

— Glicemia elevada (28.9 milhões de DALYs ou 20.2%)

— Poluição do ar (28.7 milhões de DALYs ou 20.1%)

— Tabagismo (25.3 milhões de DALYs ou 17.6%)

Dados de um grande estudo australiano feito com adultos hospitalizados por AVCs entre 2008 a 2017, seguindo mais de 313.000 vítimas da doença por 10 anos na Austrália e Nova Zelândia, mostraram uma taxa global de recorrência de AVC de 26% em 10 anos, com sobrevivência de 52% após 5 anos, e de apenas 36% após 10 anos do primeiro AVC!!!! Ou seja, a morte e a ocorrência de um novo AVC são frequentes após um primeiro AVC, e essa doença está associada a uma significativa perda da expectativa de vida.

Nos pacientes com AVC hemorrágico, a mortalidade e recorrência de outros eventos foi ainda maior.
A ocorrência de um AVC isquêmico reduz a expectativa de vida de uma vítima da doença em 5,5 anos, e de 32,7% da expectativa prevista.


Pesquisas Epidemiológicas sobre o AVC no Brasil

Quanto aos dados brasileiros, sem dúvidas o registro epidemiológico Joinvasc, na cidade de Joinville, é o mais rico para ilustrar o impacto desta doença no nosso país. Segundo o Joinvasc, registro ativo e com cerca de 10.800 mil casos de AVC catalogados na sua base de dados, a incidência de AVC em 2021 foi de 160/100.000 habitantes-ano em 2021, contabilizando um total de 950 novos casos no ano de 2021, na cidade. No registro da cidade de Matão, SP, a incidência reportada entre 2003 e 2004 foi de 108 casos/100.000/ano.

Portanto, estima-se que, na população brasileira, com base nos dados de Matão e Joinville, a incidência seja de cerca de 232-344.000 novos casos/por ano, ou 978 novos casos/dia, ou praticamente um caso de AVC a cada 1,5-2 minutos no Brasil.

Outros dados importantes do Registro Joinvasc apresentados no ano de 2021:

— Letalidade em 30 dias: 12.5%

— Independência (escala de Rankin 0 a 2) em 30 dias: 64.4%

— Dependência moderada e grave (escala de Rankin 3 a 5): 13%

— Percentagens de subtipos de AVC: AVCi 75%, AIT 14%, AVCH 7%, HSA 4%.



** Autores do levantamento: Grupo de trabalho da SBAVC (Miranda M, Rebello LC, Moro C, Magalhães P, Pedatella MT, Bezerra DC, Pinto R, Pontes-Neto OM, Oliveira-Filho J, Freitas GR, Silva GS, Lange MC, Martins SMO). Todos os autores são neurologistas vasculares, membros da SBAVC.

Tags: AVC, infarto cerebral, acidente vascular cerebral, AVC isquêmico, AVC hemorrágico, AVCI, AVCH, hemorragia cerebral, epidemiologia, números do AVC.


Referências

  1. DATASUS. In: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def. Acesso em 20/10/2022.
  2. Sistema de Registro Civil Nacional – CRC Nacional. In: https://sistema.registrocivil.org.br/portal/?CFID=8599823&CFTOKEN=ec5ff77fad30c025-78639683-CC61-CCC3-F5D1A3376218610A.
  3. Feigin et al. GBD Stroke Collaborators. Global, regional, and national burden of stroke and its risk factors, 1990–2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. The Lancet. Sep 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/S1474-4422(21)00252-0
  4. GBD Stroke 2021. Supplemental Material.
  5. Thaybaranathan et al. Global stroke statistics 2022. International J Stroke. Aug 2022. DOI: https://doi.org/10.1177/174749302211231
  6. Feigin et al. Worldwide stroke incidence and early case fatality reported in 56 population-based studies: a systematic review. Lancet Neurol. Apr 2009. DOI: https://doi.org/10.1016/S1474-4422(09)70025-0
  7. Pen et al. Long-Term Survival, Stroke Recurrence, and Life Expectancy After an Acute Stroke in Australia and New Zealand From 2008–2017: A Population-Wide Cohort Study. Stroke Apr 22. DOI: https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.121.038155
  8. PREFEITURA MUNICIPAL DE JOINVILLE. JOINVASC: Registro de AVC de Joinville, 2021.
  9. Cabral et al. Incidence of stroke subtypes, prognosis and prevalence of risk factors in Joinville, Brazil: a 2 year community based study. JNNP 2009. DOI: 10.1136/jnnp.2009.172098
  10. Minelli et al. Stroke Incidence, Prognosis, 30-Day, and 1-Year Case Fatality Rates in Matão, Brazil: A Population-Based Prospective Study. Stroke 2007. DOI: https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.107.484139