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AVC por Dissecção arterial cervical

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** Autor: Irapuá Ferreira Ricarte. Neurologista vascular, Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.


Tags: AVC, derrame, isquemia cerebral, acidente vascular cerebral, avc isquêmico, AVCi, dissecção de carótida, dissecção vertebral.


O QUE É DISSECÇÃO ARTERIAL CERVICAL?

Existem quatro artérias principais que fornecem fluxo sanguíneo para o cérebro: duas artérias carótidas e duas artérias vertebrais (Figura 1). As paredes das artérias são compostas por três camadas de diferentes tipos de tecido (Figura 2), cada uma com uma função específica. A dissecção ocorre quando um “rasgo” na parede da artéria permite que o sangue vaze entre as camadas e as separe.

A dissecção arterial cervical é a dissecção de qualquer uma das artérias do pescoço. Pode envolver uma artéria carótida ou vertebral e, às vezes, várias artérias podem estar envolvidas.

Figura 1: Anatomia das artérias cervicais ( carótidas e vertebrais).


COMO OCORRE A DISSECÇÃO CERVICAL?

A dissecção começa como uma ruptura em uma camada da parede da artéria (Figura 2) . O sangue vaza por esse rasgo e se espalha entre as camadas da parede. À medida que o sangue se acumula na área da dissecção, ele forma um coágulo que limita o fluxo sanguíneo pela artéria. O coágulo pode bloquear completamente o fluxo sanguíneo, podendo resultar em um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico (Figura 3).  Partes do coágulo também podem se soltar e subir pela corrente sanguínea, podendo interromper o fluxo sanguíneo para o cérebro e também causar um AVC isquêmico.

Figura 2:  Esquema demonstrando  ruptura entre as camadas da artéria durante dissecção.



Figura 3: Progressão da dissecção com formação de coágulo ( trombo) e oclusão da  artéria.


QUAIS OS SINTOMAS DA DISSECÇÃO CERVICAL?

Em geral, os sintomas variam de acordo com a artéria onde houve a dissecção. Podem ser: dor de cabeça (na lateral ou cabeça toda, se for dissecção da carótida), dor no pescoço (mais comum na dissecção de vertebral) e dor na face (carótida); queda de uma das pálpebras (no caso de carótida); zumbido pulsátil em uma das orelhas; sinais neurológicos do AVC, como fraqueza ou dormência em um lado do corpo, dificuldade da fala, fala enrolada, desequilíbrio, náuseas/vômitos ou alteração da coordenação (mais comum nos casos de vertebral).


O QUE CAUSA A DISSECÇÃO DAS ARTÉRIAS CERVICAIS (DO PESCOÇO)?

Embora grandes traumas de cabeça e pescoço possam causar dissecção, a maioria das dissecções ocorre após um gatilho mecânico, que nem sempre pode ser lembrado . As dissecções que ocorrem sem trauma evidente são frequentemente rotuladas como “espontâneas”, embora muitas vezes haja um evento desencadeante que contribua para o aparecimento do quadro, como uma queda, levantamento de pesos, hiperextensão do pescoço durante prática esportiva, manipulação quiroprática ou massagens do pescoço, entre outros.


COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA DISSECÇÃO?

Na suspeita de dissecção arterial, o médico pode escolher entre várias tecnologias de imagem diferentes para confirmar o diagnóstico. O objetivo desses exames é ver como o sangue está fluindo nas artérias carótidas e vertebrais, e se há uma laceração ou obstrução do fluxo. 

Na avaliação inicial, devem ser pedidos os exames de imagem não invasivos, preferencialmente a angiotomografia computadorizada ou angiorressonância magnética (Figura 4).  A ultrassonografia com Doppler é outro método diagnóstico que pode ajudar, no entanto apresenta mais limitações, quando comparado aos outros exames citados. A utilização da angiografia digital para o diagnóstico de dissecção cervical é reservado aos casos com alta suspeição e investigação negativa ou duvidosa.  


Figura 4: Imagem de angioressonância e seta branca demonstrando local da dissecção da artéria carótida interna.


COMO É O TRATAMENTO DAS DISSECÇÕES ARTERIAIS CERVICAIS?

O tratamento de primeira linha para a dissecção da artéria cervical (carótida ou vertebral) geralmente consiste em prescrição de remédios que afinam o sangue, como os antiplaquetários (aspirina, clopidogrel) ou anticoagulantes, para prevenir a formação de coágulos (trombos) dentro das artérias. Ainda não há evidências definitivas de que uma classe de medicamentos seja melhor que a outra para prevenir a formação de coágulos em pacientes com dissecção da artéria carótida ou vertebral, mas sabemos que a terapia anticoagulante está associada a um maior risco de complicações hemorrágicas. Eles geralmente são prescritos por três a seis meses, mas alguns pacientes podem exigir um tratamento mais longo. 

Em raras situações, pode ser necessário um procedimento para tentar corrigir o processo de dissecção. Normalmente, estes são tratamentos minimamente invasivos, que são realizados através do cateterismo dos vasos sanguíneos.


PARA COMBATER E PREVENIR O AVC, A SBDCV RECOMENDA E ESTIMULA AS PESSOAS:

  1. Que conheçam seus fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto ou fibrilação atrial
  2. Que sejam fisicamente ativas e exercitem-se regularmente.
  3. Que se evite o ganho de peso e a obesidade, mantendo uma dieta saudável.
  4. Que se limite o consumo de álcool.
  5. Que evitem o uso do cigarro.
  6. Que todos aprendam a reconhecer os sinais de alerta de um AVC.


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