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Aneurisma Cerebral

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Autor: Dr. Fabricio Buchdid Cardoso. Neurologista e Neurorradiologista Intervencionista Assistente no HC-UNICAMP, Neurorradiologista Intervencionista Hospital Centro Médico de Campinas e Instituto Neuron de Campinas, SP.
Tags: AVC, derrame, acidente vascular cerebral, AVC hemorrágico, AVCH, hemorragia cerebral, aneurisma cerebral, ruptura de aneurisma cerebral.



O QUE É UM ANEURISMA CEREBRAL?

Os vasos cerebrais são constituídos de artérias e veias, assim como todos os órgãos do corpo. As artérias apresentam uma quantidade de músculos em sua parede, maior que nas veias, sendo bem mais resistentes. O aneurisma cerebral é uma dilatação na parede da artéria por uma fragilidade, uma descontinuidade muscular em uma determinada parte da parede arterial e que, ao longo do tempo, ocasiona uma dilatação. Essa região mais frágil é submetida à pressão sanguínea, que vai abaulando, aumentando de tamanho ao longo dos anos, e fica cada vez mais frágil e irregular, até o momento em que se rompe. Podemos assemelhar um aneurisma cerebral (Figura 1) a um balão de festas infantis sendo inflado, podendo estourar à medida que aumenta de tamanho.

Figura 1. Aneurisma cerebral.

Dados científicos descrevem uma taxa anual de sangramento intracerebral – AVC hemorrágico por ruptura de aneurismas cerebrais, em torno de 8 a 10 casos a cada 100.000 pessoas.



O QUE ACONTECE QUANDO UM ANEURISMA CEREBRAL ROMPE NO CÉREBRO?

Neste caso, o paciente irá apresentar um acidente vascular cerebral hemorrágico – AVC hemorrágico (Figura 2), um extravasamento do sangue arterial para a superfície ou interior cerebral, decorrente do orifício arterial ocasionado pela rotura da dilatação aneurismática.

Figura 2. Diferença entre AVC isquêmico e Hemorrágico.

No momento da ruptura (Figura 3), o paciente apresenta dor de cabeça intensa, como a pior dor da vida, com sensação de forte explosão na cabeça, que inicia de maneira muito súbita, diferente das dores de cabeça mais comuns, que começam de maneira leve e com aumento gradual da dor.

Figura 3. Diagrama mostrando o momento de ruptura de um aneurisma cerebral.

O paciente também pode ter náuseas, vômitos, desmaio, rigidez na parte posterior do pescoço e nuca, e até mesmo alterações motoras e sensitivas, estas menos comuns que os sintomas anteriores. Há casos que podem evoluir para estado de coma, na maioria das vezes relacionados ao aumento da pressão nas estruturas do interior do cérebro, devido à hemorragia. 

POSSO TER UM ANEURISMA CEREBRAL E NÃO SABER?

Segundo dados estatísticos dos Estados Unidos, uma a cada 50 pessoas pode apresentar aneurismas cerebrais não-rotos, que podem passar desapercebidos. Muitas vezes, estes aneurismas são descobertos após realizar algum exame de imagem solicitado para avaliação de outros problemas e sintomas, geralmente por exames como uma tomografia ou ressonância magnética.


O QUE FAZER SE FOR DESCOBERTO INCIDENTALMENTE UM ANEURISMA CEREBRAL?

É necessário consultar um especialista. A decisão pelo tratamento deve levar em consideração inúmeros fatores como: idade, doenças associadas, tamanho do aneurisma, sua localização, seu formato, se há um ou múltiplos aneurismas, tabagismo, desejo do paciente em tratar ou apenas acompanhar, dentre outros.

Alguns casos são de mais fácil decisão pelo tratamento que outros, como é o caso de um paciente fictício que apresente aneurisma maior que 7 milímetros, fumante, hipertenso e diabético, idade de 50 anos e aneurisma de bifurcação com irregularidade de sua parede. Neste caso, a decisão pelo tratamento é correta, pois o risco de ruptura é grande, quando considerados que o paciente possui bastantes anos de vida, doenças que fragilizam as artérias, uso de cigarro, dentre outros.

Por outro lado, casos de aneurismas menores e ausência de fatores de riscos, muitas vezes podem ser acompanhados anualmente, com exame de angiografia cerebral, a fim de avaliar a estabilidade ou crescimento do aneurisma ao longo do tempo. Em caso de crescimento durante exames evolutivos, a decisão terapêutica fica embasada.

QUANDO DEVO REALIZAR UM EXAME PARA SABER SE EU TENHO UM ANEURISMA CEREBRAL?

Em casos de familiares de primeiro grau com o diagnóstico de aneurisma cerebral (pais, filhos, tios, irmãos, primos de primeiro grau), sua chance de apresentar este diagnóstico aumenta de 3% (risco da população geral) para 8%. Nestes casos, o exame de triagem, para investigar se há o problema, é bem indicado e deve ser realizado. Métodos de triagem muito usados são os exames de imagens que contrastam os vasos cerebrais, como a angioressonância e a angiotomografia (ambos injetam um contraste por via venosa, que enchem deste mesmo contraste as artérias, posteriormente).

Se houver a confirmação de aneurisma cerebral nestes exames, é necessária a realização de exame confirmatório, chamado de angiografia cerebral. A angiografia cerebral é uma espécie de cateterismo cerebral, realizado pela virilha ou pelo braço do paciente. O cateter é localizado pelo médico na artéria do pescoço, sendo injetado um contraste direto na vasculatura arterial, que “pinta” o sistema vascular cerebral (veja Figura 4), e possibilita visualização de pequenas alterações vasculares com grande nitidez.

Figura 4. Imagem de uma Angiografia Cerebral com uma imagem real de um aneurisma cerebral (seta vermelha).

Devido a esta maior nitidez, a angiografia cerebral é considerada o exame padrão-ouro, ou o melhor exame para se analisar com detalhes um aneurisma cerebral. Como exemplo, algumas vezes um exame inicial que mostrou imagem de aneurisma pode vir normal na angiografia cerebral.


DECIDI TRATAR O MEU ANEURISMA. QUAL TRATAMENTO ESCOLHER???

Existem duas formas principais de tratar um aneurisma cerebral, e você deve conversar com um especialista para uma decisão conjunta e bem pensada sobre seu tratamento.

Cirurgia aberta do crânio: há uma exposição do tecido cerebral até a chegada do vaso sanguíneo onde se localiza o aneurisma. O neurocirurgião insere um clipe metálico no colo, na “base” do aneurisma, para excluí-lo da circulação, protegendo os vasos sanguíneos ao redor e evitando oclusões e complicações. 

Embolização Endovascular – A primeira parte deste tratamento é como uma angiografia cerebral (descrito acima). Mas, ao invés de apenas injetar contraste pelo cateter, o médico avança um cateter menor e mais fino, que é dirigido até o colo, origem do aneurisma e, estando no local exato, enche este aneurisma, na maioria das vezes com micromolas metálicas (veja Figura 5, abaixo), que funcionam como um recheio no interior da dilatação.

Figura 5. Imagem de uma Angiografia Cerebral que mostra o tratamento de aneurisma cerebral com molas de platina (seta vermelha, imagem direita).


PARA SABER MAIS…

  1. Que conheçam seus fatores de risco: hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto ou fibrilação atrial
  2. Que sejam fisicamente ativas e exercitem-se regularmente.
  3. Que se evite o ganho de peso e a obesidade, mantendo uma dieta saudável.
  4. Que se limite o consumo de álcool.
  5. Que evitem o uso do cigarro.
  6. Que todos aprendam a reconhecer os sinais de alerta de um AVC.

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